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Editorial

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Xu-shi , trama

Obra: Xu-shi , trama. Artista: Alejandra Korek

Mauricio Tarrab, Presidente de FAPOL

O primeiro número de LACAN XXI chega a tempo para alcançar o acontecimento do Xº Congresso da AMP que se realiza neste momento no Rio de Janeiro. Essa coincidência é deliberada. LACAN XXI, que é Lacan no século XXI, é também Lacan na América.

Lacan e o século XXI têm em comum certo mistério: o de Lacan e o seu ensino que é tão explorado quanto inapreensível; tão complexo quanto simples; tão obscuro quanto luminoso nas suas consequencias clínicas; tão fechado que parece que dedicar-se somente aos labirintos da psicanálise, quanto aberto a seu tempo que é o nosso e sobre o qual Lacan formulou antecipações impactantes que se constituem em uma bussola preciosa com a qual nos orientamos em relação às lógicas coletivas e aos acontecimentos de nossa época.

O Século XXI, do qual às vezes falamos com uma certeza excessiva pretendendo saber de que se trata é, contudo, também um mistério. Recém se inicia e embora tenha mostrado suas marcas e suas tendências, seu desenvolvimento é imprevisível e ninguém pode afirmar que não seja mais sinistro que o século passado. Lacan dedicou a este tempo que ele não conheceu afirmações inquietantes e, como um dos textos de este primeiro número evoca, sem necessidade de ser “nada pessimista”. Lacan está no século XXI e apesar de todas as incógnitas que temos em relação ao futuro, os que trabalhamos ao redor da Orientação Lacaniana e na Associação Mundial de Psicanálise, sabemos que somos responsáveis por sustentar as consequências desse ensino na prática e na extensão da Psicanálise.

LACAN XXI é também Lacan na América. Inicialmente porque é a revista on-line da FAPOL, Federação Americana de Psicanálise da Orientação Lacaniana, que reúne as Escolas da Associação Mundial na América.

Uma América lacaniana como J. Lacan disse a seus leitores americanos em Caracas em um longínquo 1980: “Vocês serão lacanianos, eu sou freudiano”. E a América latina é lacaniana. A vigência e a pujança das três Escolas americanas da AMP – a EOL, a EBP e a NEL – que tem sedes da Argentina até os Estados Unidos o demonstram diariamente.

LACAN XXI é Lacan nos discursos e nas línguas e por esse motivo recolherá também, no litoral das línguas americanas, as diferenças, as bordas que nos unem e nos separam e por isso a Revista começa em seu primeiro número sendo ao menos bilíngue.

Isto requer um agradecimento especial ao Comitê de redação e tradução integrado por colegas das três Escolas: Oscar Reymundo (EBP), Silvina Rojas (EOL) e Adolfo Ruiz (NEL), os quais, junto com a cuidadosa edição do número, formaram uma excelente equipe de tradutores. A todos eles faço chegar o agradecimento do Bureau e o meu próprio: Lenita Bentes, Nohemí Brown, Paola Salinas, Maria Cristina Vignoli, Jussara Souza da Rosa, Leonardo Scofield, Pablo Sauce, Laura Fangmann, Silvina Molina, Marita Salgado, Prof. Dr. Gabriel Artur Marra e Rosa. Também um reconhecimento a Alejandra Korek e Adolfo Ruiz pela generosa contribuição das belas imagens incluídas na Revista.

O Bureau quis refletir, no conteúdo desta Revista, o interesse da FAPOL, tanto pela Psicanálise pura, ao incluir neste primeiro número um texto acerca da leitura e a interpretação de J-A Miller, quanto a complexa relação entre o Real da ciência e o da psicanálise, com a conferência do Presidente da AMP, Miquel Bassols. Queremos refletir, também, o interesse e a preocupação pela “ação lacaniana” com a publicação do relatório de um dos quatro Observatórios da FAPOL – neste caso o Observatório “A violência contra as mulheres em América Latina” – que constitui uma amostra do intenso e complexo trabalho que os Observatórios da FAPOL vêm fazendo de modo discreto durante estes dois anos e que começam a dar-se a conhecer. Vocês terão oportunidade de ler seis textos que foram apresentados na 1ª Conversação da Rede Universitária Americana (RUA), em São Paulo, em setembro último, que demonstram a importância que tem para nós, nesta época, criar nos universitários o interesse pela Psicanálise.

Na seção LACAN no SÉCULO XXI solicitamos a três colegas que fizessem o exercício de escolher uma frase de J. Lacan com a qual iluminar um fragmento do presente.

Agradeço Angelina Harari por ter aceitado a responsabilidade e o trabalho de lançar LACAN XXI. A Miquel Bassols e aos meus companheiros do Bureau da FAPOL, Flory Kruger e Jésus Santiago, por terem apoiado esta iniciativa. E a Jacques-Alain Miller por nos ter acompanhado nas idas e voltas que foram necessárias até encontrar o bom nome para o que a partir de hoje é LACAN XXI.

Lacan, assim como o século XXI, é também o que virá. O que nos falta saber, o que resta por descobrir. Lacan não é a história, mas o futuro da Psicanálise. Que seja assim dependerá também de nós.