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RUA – Rede Universitária da América


lacan21 - 22 de outubro de 2017 - 0 comments

Natalia Ortiz. NEL – AMP. Santiago de Chile. “Encuentro”, Fotografía con cámara .analógica.

Natalia Ortiz. NEL – AMP. Santiago de Chile. “Encontro”, Fotografia com câmera analógica.

Lúcia Grossi dos Santos EBP-AMP

As duas mesas dedicadas aos trabalhos da Rede Universitária da América aconteceram na quarta-feira dia 13 de setembro em Buenos Aires.

Tivemos uma primeira mesa cujo tema foi “O ensino da psicanálise na Universidade”, composta por Nieves Soria (EOL), Claudia Henschel de Lima (EBP) e Suzana Strozzi (NEL).A coordenação da mesa foi de Fabián Schejtman.

Os colegas da EOL e da NEL trabalharam em suas intervenções as possibilidades de transmissão, os efeitos de divisão dos sujeitos pelo discurso analítico, a questão do saber suposto e do saber exposto na universidade.

Nossa colega Claudia, do Rio de Janeiro, deu um tom mais político à sua intervenção, focando o caso Brasil, ou seja, a história da psicanálise na Universidade Brasileira. Lembrou que a Psicanálise existia na Universidade Brasileira nos tempos da ditadura militar (de 1964 a 1986) e neste tempo o professor podia ser um interventor. Num primeiro momento havia vigilância mesmo dentro das salas de aula.

No entanto, a Universidade permanecia um espaço de resistência ideológica. A partir de meados dos anos 80 temos o movimento de “abertura” e democratização. Mas a verdadeira democratização da universidade se dá a partir de 2002, com uma política de ampliação da universidade pública (14 novas unidades espalhadas pelo território brasileiro), cotas para estudantes da escola pública, para negros e índios.

Alguém aponta o esvaziamento do espaço universitário hoje no Brasil, a situação financeira caótica das universidades, principalmente no Rio de Janeiro, por falta de recursos financeiros. Há um projeto de privatização das universidades, o que de certa forma ameaça o espaço da psicanálise na universidade. “A universidade no Brasil está agonizando”, afirma Claudia. Ela coloca então duas questões: “Seria possível a psicanálise sem a democracia?” e “Qual é o espaço da psicanálise neste contexto de esvaziamento?”

Dentre os comentários ressalto a pontuação de Sérgio Laia (EBP) que nos lembra o rebaixamento do significante mestre e ascensão do mercado no interior da Universidade. O mercado se impõe ao saber e o discurso universitário escamoteia esta subversão

Foi lembrado o breve texto de Lacan, publicado em 1978 “Lacan a favor de Vincennes”, que está publicado na  Correio n.65.

A segunda mesa se dedicou aos projetos de pesquisa inscritos em RUA. O tema da mesa foi: Adolescência: entre família e sociedade.

Os trabalhos foram apresentados por Eduardo Suárez (EOL), Cristiane de Freitas Cunha Grillo (EBP) e Mario Elkin Ramirez (NEL)

Interventores: Inés Sotelo e Olga Molina e a Coordenação de: Mariana Gómez.

Cristiane trouxe o trabalho que vem sendo desenvolvido na Faculdade de Medicina com adolescentes, muitos deles usuários de drogas e em conflito com a lei. O projeto “Janela da escuta”

Ela ressalta que as políticas públicas voltadas para a juventude habitualmente exigem adesão ao tratamento e ao cumprimento de medidas socioeducativas, mas não consideram a singularidade e não estabelecem uma interlocução viva com o adolescente, a família e o território. O dispositivo Janela da Escuta, alojado na Universidade e orientado pela psicanálise de orientação lacaniana, propõe um acolhimento do jovem e de quem o acompanha. A partir disso, um trabalho de construção do caso pode ser feito, articulando a família, o território e as políticas públicas. A oferta de um lugar de saúde e arte surpreende os jovens, marcados pelo fracasso em relação à adesão e adequação às normas e protocolos. A prioridade do projeto não seria o abandono da droga ou o cumprimento da medida, mas a emergência do sujeito desejante.

Houve uma breve discussão sobre os três trabalhos apresentados e Sérgio Laia  extraiu, no final dos comentários, a diversidade da mesa, indicando que o trabalho de Eduardo trazia um projeto de investigação, o de Cristiane, seria um trabalho de extensão aplicado à investigação e o de Mário um trabalho conceitual.