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2020 Volume 1


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Incidências da psicanálise no porvir: renovar a aposta

Marcelo Veras - EBP/AMP - Fotografia. Série Tempo em preto e branco. Ricardo Seldes - EOL - AMP Kierkegaard se perguntou em suas “Migalhas filosóficas”, se era necessário o futuro. E se respondeu pela negativa: nenhum devir é necessário, nem antes que se torne, porque então não poderia tornar-se, nem depois que se tornou, já que então não haveria se tornado. Em uma seguinte reflexão, situaremos uma pequena diferença. Aí onde ele escreve a questão da liberdade, nós situaremos a contingência. Afirmamos que todo devir acontece por contingência e não por necessidade; nada do que se torna, se torna por...

lacan21 26 de maio de 2020

Psicanálise e ciência: o desejo do analista

Marcelo Veras - EBP/AMP - Fotografia. Série Tempo em preto e branco. Maria Cecília Galletti Ferretti - EBP - AMP Para Lacan, a psicanálise está em clara relação com sua época e isto, desde o seu surgimento: só poderia ter nascido após o aparecimento da ciência e da instauração do cogito por Descartes. No texto dos Escritos, “A ciência e a verdade”, ao circunscrever como tema, o objeto da psicanálise, Lacan retorna a pontos fundamentais do conhecimento científico: para o nascimento de uma ciência, é preciso a localização de seu objeto; a Física funda a ciência no sentido moderno; seu...

lacan21 26 de maio de 2020

O cartel… ainda

Alejandra Korek - EOL AMP - “Sem título”. Colagem Analógica, 25x25cm. 2019. Luis Tudanca - EOL - AMP Existência e uso: a Escola Há cerca de 17 anos, escrevi para “El Caldero de la Escuela”, um texto que intitulei “Razões”. Partia de uma ideia: existe o cartel. Essa continua sendo minha orientação no tema, a partir da qual, recomeço. As Jornadas Nacionais de Cartéis mostram a existência do cartel em nossa Escola e, por enquanto, nada mais. Em um segundo tempo da reflexão, podemos conversar sobre o que acontece com o funcionamento atual do cartel. Pensar dito funcionamento introduz o...

lacan21 26 de maio de 2020

Quando o amor é abuso: uma versão contemporânea do <em>amódio</em>

Katia Wille - ¨Gaiola¨, 2013. Pintura Acrílica no Canvas.30 x 30 x 3 cm Maria José Gontijo Salum - EBP - AMP Relação abusiva é uma designação largamente utilizada atualmente, para se referir a relacionamentos nos quais as mulheres se encontram às voltas com algum tipo de violência ou agressividade. Recentemente, o Ministério Público de São Paulo formulou e distribuiu nas vias públicas da cidade e nas redes sociais, a Cartilha “Namoro legal”, com o objetivo de intervir e prevenir a violência nas relações afetivas. Em sua apresentação, a Cartilha discorre sobre o que é um relacionamento abusivo e ensina...

lacan21 26 de maio de 2020

<em>This is us</em>: histórias a contar sobre adoções

Sérgio de Campos - EBP-AMP - “As meninas de Velasquez”. Óleo sobre tela. Maria Rita Guimarães - EBP - AMP Ao acabar de criticar o prêmio do Oscar 2020 conferido ao filme Parasita, Trump recebeu a resposta do estúdio realizador do filme: “Compreensível. Ele não sabe ler”. Mas, desde as primárias das eleições que o elegeriam como presidente dos EUA, algo era escrito para que aprendesse a ler: uma América mista, miscigenada, múltipla, pobre e rica. “Isso somos nós”, uma dentre várias traduções possíveis para This is us, lançada em 2016, veio para ilustrar, numa discreta alegoria, como se constrói...

lacan21 26 de maio de 2020

O maldito futuro

Nico Bertora - Mestrado ICdeBA - UNSAM - Fotografia. Irene Accarini - EOL - AMP O presente trabalho aborda uma interrogação generalizada acerca do impacto da tecnologia e do mundo digital na infância através de uma experiência artística contemporânea, e as consequências da análise de um menino, para soletrar o espaço do mundo digital no consultório do analista. Genealogias passadas As metáforas da inclusão-exclusão abundam no que se referem às novas tecnologias. A tendência atual é a inclusão dos suportes tecnológicos em todos os âmbitos dos afazeres humanos: doméstico, comercial, educativo, artístico, sanitário e um longo etecetera. Na vida cotidiana,...

lacan21 26 de maio de 2020

Considerações sobre a noção de vítima

Beth Barone. “Geografia dos sonhos”. Fotografia. São Paulo , 2018 Joaquín Carrasco - Associado da NEL - Santiago Em diversos pontos do mundo, podemos observar o retorno de discursos e políticas que pretendem restabelecer um Outro consistente. Uma das armas utilizadas tem sido a violência política, uma repressão sistemática que contribui para o enfraquecimento das democracias. Nesse contexto, sujeitos que padecem as consequências de experiências repressivas, tanto recentes quanto pretéritas, vão ao consultório e às instituições em busca de tratamento. Vítima é um dos significantes que costumam circular e, com o qual, alguns sujeitos se apresentam, fenômeno que me interessa...

lacan21 26 de maio de 2020

Invenção e tratamento do ódio no caso da jovem Maria

Katia Wille - “Birth”. Pintura em acrílico no Canvas, 2013, .40 x 40 x 3 cm. Angela Batista - EBP - AMP Proponho pensar o tratamento do ódio em um caso clínico, onde é abordada a questão do ódio e o ilimitado do gozo feminino. Trata-se de uma jovem adolescente, onde vemos surgir impasses, oscilações e desligamentos do corpo e a incidência do ódio a si mesma.  Nesse sentido é que o ódio está ligado a um saber sobre o ilimitado do gozo diante do despertar sexual dessa jovem menina, na via da recusa de uma construção fantasmática. O caso...

lacan21 26 de maio de 2020

O cartel, enxame para uma <em>Durcharbeitung</em> dos impasses da época

Graciela Allende - “Sem título”. Fotografia Roxana Vogler - EOL - AMP Os efeitos imaginários grupais que operam sob a lógica do todo produzem consequências segregativas. Lacan, advertido disso, oferece aos membros de sua Escola, o dispositivo de trabalho do cartel, no qual cada integrante se identifica com o lugar do trabalhador decidido, suscitando saber, mas a partir de uma posição analisante, remetendo o objeto causa a sua referência mais propícia, Freud e Lacan. Agora, este dispositivo particular de elaboração de saber sobre o lugar e o laço poderia ser usado para um tratamento possível dos impasses da época no...

lacan21 26 de maio de 2020

A Mulher não existe

Thereza Salazar. Série Fantasmas. Impressão em vidro, base de madeira. Andrea Vilanova - EBP - AMP Como abordar este aforismo? Eu me perguntava sobre isso quando, então, o inesperado me fez uma surpresa. Caiu em minhas mãos um livro, do qual já nem me lembrava. Uma edição de 1991, realizada por Rose Marie Muraro, uma escritora feminista, com dedicatória e tudo! Tratava-se de uma reedição do Malleus Maleficarum, “Martelo das bruxas”, ou “Martelo das feiticeiras”, um manual de diagnóstico de bruxaria, publicado em 1487, por dois inquisidores dominicanos alemães, Heinrich Kraemer e James Sprenger. O manual se encontra dividido em...

lacan21 26 de maio de 2020

Um psicanalista é um sinthoma

Alberto Murta - EBP - AMP Será que podemos afirmar que há um declínio do discurso do analista na época do ultimíssimo ensino de Lacan? Há um declínio do discurso do analista na era do advento do sinthoma? Abordar a função do analista, exige passar pela função do sinthoma, articulando função do analista e função do sinthoma. Lacan, respondendo se a psicanálise é um sinthoma, afirma que ela não é um sinthoma. No entanto, ele acrescenta que um psicanalista “é um sinthoma”. Sabemos que a face de gozo do sinthoma não se nutre nem de sentido, nem da relação causa-efeito....

lacan21 26 de maio de 2020

Que autoriza a ação analítica?

Marcelo Veras - EBP/AMP - Fotografia. Série Tempo em preto e branco. Luiz Felipe Monteiro - EBP - AMP Esta é uma daquelas perguntas fundamentais com a qual o analista pode se confrontar a cada encontro contingente com alguém em situação de atendimento. Quando esta situação ocorre em um contexto institucional, onde o significante da transferência não está antecipadamente atrelado ao significante que designa o analista, trata-se de uma pergunta ainda mais pertinente. Nesses casos, não há “ancoragem na suposição de saber”, para utilizar uma expressão de Eric Laurent. Parto, fundamentalmente, desse contexto, para desdobrar as consequências dessa questão. Afinal,...

lacan21 26 de maio de 2020

Declínio do Pai, declínio viril: uma nova masculinidade?

Beth Barone - “Onhografias”. Fotografia analógica impressa sobre papel de algodão. José Luis Obaid - Associado NEL - Santiago Algo de Época Na história da Humanidade, houve uma viragem em que a cultura patriarcal da proibição cede diante da cultura pós-patriarcal da permissão e da emancipação do sujeito, a respeito do despotismo, político ou religioso. Chegada mancomunada da ciência e do capital que, permeando as subjetividades, aposta por liberá-las, não somente da autoridade patriarcal,  mas também do que Freud chamou de “as servidões do eu” – como o sexo e a morte que afligem o narcisismo -, podendo, assim, decidir...

lacan21 26 de maio de 2020

De um discurso sem sujeito. O ato analítico por oriente.

Alejandra Korek - EOL AMP - “Corpo estranho”. Colagem analógica, 40x40cm, 2018. Alejandro Góngora - Associado NEL - Santiago Quem se entrega ao estudo dia a dia acrescenta seu saber. Quem se entrega ao Tao dia a dia se desfaz de seu saber. diminuindo e diminuindo alcança finalmente o estado de não-obrar. No não-obrar não há nada que não faça. Tao Te King, XLVIII. No presente artigo, interessa-me trabalhar uma orientação para nos aproximarmos ao que Lacan propõe como ato analítico, caracterizado por um revés com relação aos outros discursos, já que em seu ato prescinde de intencionalidade de um...

lacan21 26 de maio de 2020

Rumo a uma psicopatologia não-toda

Mônica Biaggio - EOL-AMP - “Incerteza”. Tinta sobre papel. Abril, 2020. Ruskaya Maia - EBP - AMP A teoria psicanalítica tem sua origem, na genialidade de Freud, para formalizar o que ele extraía de seu encontro com o paciente que, junto com seu sofrimento particular, traz sempre algo do mundo e de sua época, para o consultório do analista. Por isso, a psicanálise deve, necessariamente, atualizar suas ferramentas conceituais, para estar à altura dos desafios de seu tempo. É dessa forma, que concebemos que a clínica psicanalítica que cabe para os dias de hoje, não governados pelos ideais universais da...

lacan21 26 de maio de 2020

Falar do inconsciente, ainda…?

Marcelo Veras - EBP-AMP - Série Tempo em preto e branco. Fotografia. Mónica Gurevicz - EOL - AMP Ainda, falar do inconsciente? Pode surpreender alguns nessa época marcada pela “pressa”, “o novo do novo”, “a neurociência”, “a evidência”. Como difundir nossas Jornadas nos meios de comunicação se nos apresentou como um desafio. Como seguir falando do inconsciente, ainda… Freud descobre o inconsciente ao escutar pacientes cujos corpos não respondiam à anatomia tal como os estuda a medicina. Eram corpos afetados por palavras, ou restos de palavras escutadas, que produziam efeitos, e esses efeitos são os afetos. Quando Jacques Lacan dirige-se...

lacan21 26 de maio de 2020