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2019 Volume 1


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Sobre a necessária delimitação e distinção entre Escola e Instituto

Daniela Teggi. ¨Sem título¨. Fotografia. EOL- AMP Guillermo A. Belaga - EOL-AMP Eis, portanto, a organização que obriga a Fala a caminhar entre dois muros de silêncio para ali realizar as núpcias da confusão do arbítrio. Ela se ajeita com isso para suas funções de promoção: as Suficiências regulamentam a entrada dos Sapatinhos Apertados em suas dependências e as Beatitudes lhes apontam aqueles que constituirão os Bem-Necessários; em sentido inverso, é ao se dirigirem às Beatitudes que estes chegarão à Suficiência, e as Suficiências lhes responderão tirando de seu seio novas Beatitudes.1 Sem dúvida, para as Escolas da AMP, “Campo...

lacan21 1 de maio de 2019

Editorial - Silvina Rojas - EOL-AMP

Lisa Erbin. ´Sem título´. Óleo e Colagem. Técnica mista. EOL- AMP Queridos leitores, LACAN XXI n°7 está entre nós. Uma vez mais, em sua particularidade, propõe um mergulho na temporalidade do século sob a luz da orientação de Jacques Lacan. As consequências do seu ensino se escrevem aqui como  bússola de leitura de uma civilização que cada vez mais  revela distintas formas de fazer presentes o ódio, a cólera  e a indignação nos acontecimentos do nosso século. Os textos põem em ato esse ensino que espero possam apreender tomando ocasião por onde convier, fazendo ressonar algumas notas deles para provocar,...

lacan21 1 de maio de 2019

Amor, saber e ignorância na “Nota italiana”1

Nicolás Bertora. “Hueco”. Fotografía urbana. Maestría ICdeBA-Unsam Alejandro Reinoso - NEL-AMP “Só existe analista se esse desejo lhe advier,que já por isso ele seja rebotalho da dita (humanidade). Digo-o desde já: essaé a condição da qual, por alguma faceta de suas aventuras, o analista deve trazer a marca. Cabe aseus congêneres “saber” encontrá-la. Salta aos olhos que issosupõe um outro saber elaborado de antemão, do qualo saber científico forneceu o modeloe peloqual tem a responsabilidade. “É justamente aquela que lhe imputo, de haver transmitido unicamente aos rebotalhos da douta ignorância um desejo inédito”. J. Lacan, “Nota Italiana” Pode-se interrogar e...

lacan21 1 de maio de 2019

Alcançar a vitória na derrota

Luis Darío Salamone. ´Sem título´. Fotografia. EOL- AMP Viviana Berger - NEL-CdMx-AMP O argumento de nosso ENAPOL 2019 lança uma pergunta que me provocou. Diz o seguinte: “O ódio ao gozo do Outro é o que Lacan se refere como kakon. Seria, então, o ódio, um modo de constituir o Outro? Ainda que seja mediante sua exclusão?”1 A questão faz pensar na relação entre o ódio e o Outro, um Outro ao qual se apelaria a fim de constituí-lo, completo e consistente. O outro polo, o amor, quando não funciona na perspectiva do odioamoramento, implica coordenadas diferentes, ou seja, justamente...

lacan21 1 de maio de 2019

Uma paixão, alguns efeitos

Alejandra Koreck. ´Sem título´. Colagem feita à mão. EOL- AMP Andrea V. Zelaya - EOL-AMP A subjetividade de nossa época se encontra sob o manto de um progresso universalizante da ciência, “estamos imersos nele, que se volta para nós de maneira cada vez mais determinante, o que significa causal”1. Neste efeito de globalização que Miller denomina de “dispersão, dessegregativo”2, vislumbramos a ilusória liberação contemporânea, consoante à mundialização do mercado e dos intercâmbios desses valores no mundo. Porém, a ciência, em comunhão com o mercado, empurra à dispersão o que ela ignora, enquanto se mantém nas sombras, o inerente à condição...

lacan21 1 de maio de 2019

O kakon generalizado

Eduardo Médici. ´Névoa´. Acrílico sobre tela. 2009 Antonio Beneti - EBP-AMP O conceito de kakon foi utilizado por Lacan na Tese IV de seu texto de 1948 (pós-guerra), “A agressividade em psicanálise”, onde trabalha a questão da agressividade enquanto tendência correlativa a um modo de identificação narcísico que determina a estrutura formal do eu do homem. Na página 113, introduz a questão da passagem ao ato na psicose - citando a paranoia de auto punição - dizendo que o ato agressivo desfaz a construção delirante. Ou seja, a passagem ao ato na psicose enquanto uma solução para o mal estar...

lacan21 1 de maio de 2019

Parla! A psicanálise e o silêncio das estátuas

Gabriela Melluso. ´Espelhismo´. Fotografia. Psicanalista. Mestrado ICdeBA Unsam Henri Kaufmanner - EBP-AMP Ao nos falar sobre os afetos na experiência analítica, Miller1, a princípio, se pergunta se poderíamos considerá-los, em si mesmos, um índice de que neles haveria algo que toca a verdade. Referindo-se a Lacan, em Televisão, ressalta que, para a psicanálise, é preciso verificar o que de fato seria o afeto, isso que –não há como não reconhecer – toca o corpo, de maneira distinta de um acontecimento psicossomático, por exemplo. Os afetos articulam alma e corpo, respondem às variações entre o eu e o mundo. Para Miller,...

lacan21 1 de maio de 2019

Pulsão de morte, motérialité do laço social

Eduardo Médici. ´O espelho´. Acrílico sobre tela. 1987 Jésus Santiago - EBP-AMP A violência e a segregação são fenômenos contemporâneos que assumem uma importância decisiva na nossa agenda atual de trabalho – Campo Freudiano Ano Zero – agenda às voltas com o princípio de que o psicanalista não é neutro nem indiferente ao campo da política. Eis o desafio com o qual nos deparamos no momento atual: fazer-se presente, não apenas na clínica, mas também no campo político, não como partido político, mas como psicanalistas que, como diz Freud no Mal-estar, podem “oferecer algo à humanidade”. Cito Freud para dizer que, apesar da atualidade desta diretiva,...

lacan21 1 de maio de 2019

Um racismo e o outro

Eduardo Médici. ´Sem título´. Acrílico sobre papel. 1990 Mauricio Tarrab - EOL-AMP Não é sem uma certa inquietude que abordo este tema através de um parágrafo de Jacques Lacan do Seminário 18, para trabalhar um tema inquietante: “O racismo que me habita” *. As nascentes que levam a interrogar o fenômeno do racismo me excedem, como excedem à psicanálise. Ainda que eu acredite que a psicanálise possa e, portanto, deva fixar sua posição a respeito. Não digo a minha nem apenas a de cada psicanalista, já que isso corre por conta de cada um, mas que, frente ao racismo, a...

lacan21 1 de maio de 2019

É possível dignificar o gozo? “Fragmentos”: um desafio ético e político

Fotografias enviadas pela autora Clara María Holguín - NEL- AMP A indignação, índice da dignidade, nos introduz no campo do digno, e com isso, no registro da singularidade. Apoiando-me na proposta artística de Doris Salcedo, Fragmentos, criada no contexto do processo de Paz na Colômbia, me deixarei ensinar sobre um modo possível de dignificar o gozo; uma maneira de fazer do abjeto, causa de desejo. Desafio político que, ao mesmo tempo em que dá lugar à vítima– conforme o princípio analítico do um por um -, produz um laço entre o singular e o coletivo. Fazer com o impossível. A...

lacan21 1 de maio de 2019

A subversão da barbárie possível

Dolores Amden. ´Torii´. ´Fushimi Ku´. Templo em Kyoto. Fotografia. Pausa. Fernanda Otoni Brisset - EBP-AMP Enquanto a máxima “ama teu próximo como a ti mesmo” guarda seu impossível, a expressão “homem lobo do homem” não se engana. Diante da consequência do mandamento de amar ao próximo, o que surge é a presença dessa malvadeza fundamental que habita nesse próximo. Mas desde então, ela habita também em mim. E o que me é mais próximo do que esse âmago em mim mesmo que é o de meu gozo, do qual não ouso me aproximar? Pois assim que me aproximo – é...

lacan21 1 de maio de 2019

O ódio, o ser e o saber

Eduardo Médici. ´Entrereflexos´.Fotografia com intervenção. 2005 Alejandro Olivos - NEL-Santiago-AMP O ódio é a mais intensa das paixões, afirma Jacques-Alain Miller, “o amor concerne às aparências, enquanto o ódio é mais radical: aponta ao ser”1. É, com efeito, somente na dimensão do ser que se podem inscrever as três paixões fundamentais que são o amor, o ódio e a ignorância. No Seminário I, Lacan retoma essa antiga noção filosófica da paixão, substituindo o clássico binário amor-ódio pelo ternário amor-ódio-ignorância. Distingue o amor enquanto paixão, fascinação imaginária - Verliebtheit -, e o amor enquanto dom ativo, relativo ao simbólico, ao sujeito...

lacan21 1 de maio de 2019

De amores e ódios

Eduardo Médici. ¨O Caldeiro¨. Acrílico sobre tela. 2014 Marcela Fabiana Mas - EOL-AMP As análises fornecem testemunhos de amores inesquecíveis, impossíveis, contrariados, incipientes, desgastados, proibidos, aquecidos pela paixão, etc. Fonte de sofrimento quando se perdem, tomam às vezes a forma de ódio corrosivo. A seguir, tentaremos situar porque o ódio se apresenta como o reverso do amor. Sobre as paixões Tanto o amor quanto o ódio interessaram à filosofia durante séculos. Sirvamo-nos de três representantes: Aristóteles, Spinoza e Descartes. Em Ética Nicomaquea, Aristóteles procura analisar as virtudes éticas mediante a utilização do meio justo, distingue doze delas conforme se trate...

lacan21 1 de maio de 2019

Parceiro Violência

Alejandra Koreck. ¨Corpo estrangeiro II¨. Colagem feita à mão. EOL- AMP Micaela Parici - Observatório sobre Legislação, Direitos, Subjetividades contemporâneas e a psicanálise O inimigo está em cada um, ainda que se prefira reconhecer fora de si, como inquietante estranheza (Pérez, J., 2013). Violência singular O que acontece em torno de uma “epidemia” como a violência chamada gênero convidou-nos a pensar no que esse nome do Universal não logra pegar da singularidade de um gozo mortífero, a partir de seu tratamento em dois âmbitos que pareciam apresentar-se como opostos e que convocavam uma mulher: sua análise e a Justiça. Uma...

lacan21 1 de maio de 2019

Sobre afetos e paixões

Azul Hada Costa. ´Cólera´. Desenho digital, esboço colorido com copics. Gisèle Ringuelet - EOL-AMP Os sofrimentos das neuroses e das psicoses são para Nós, a única escola das paixões da alma, do mesmo modo que o fiel da balança psicanalítica quando calculamos a inclinação da ameaça sobre comunidades inteiras, nos dá um índice de amortização das paixões civis. Jacques Lacan Durante décadas, alguns analistas omitiram falar das paixões por acreditarem que estas pertenciam ao registro do imaginário; outros tergiversaram sobre o conceito freudiano de afeto, como é o caso de André Green que o coloca como uma categoria metapsicológica ....

lacan21 1 de maio de 2019

Da obscenidade da época ao ver o impossível e a indignação singular

Eduardo Médici. ´Sonho´. Acrílico sobre tela. 2011 Jessica Jara de Aguirre - NEL-AMP Uma versão do declínio do Outro é o eclipse do olhar do Outro da vergonha. Assim, em tempos de fraternidade e do empuxe superegóico contemporâneo a gozar dando a ver tudo, as barragens freudianas para a pulsão - o asco, a vergonha, a moralidade - tem sido solapados. Diante da falta de barragens, erigem-se novas moralidades do politicamente correto que reinam de modo inflexível na horizontalidade, como regimes de ferro. Neste panorama, surge uma fascinação massiva pelo sem-vergonha e a exacerbação do ódio e da indiferença. A...

lacan21 1 de maio de 2019