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2018 Volume 2


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O QUE NÃO SAI DE NENHUMA PALAVRA

Susana Carbone. “Mixturas”. Acrílico Débora Nitzcaner - EOL-AMP Um jornal de Buenos Aires publicou recentemente um artigo jornalístico sob o título “Género. O feminismo também conquista e desafia a língua quotidiana”, no qual se apresentam, a modo de glossário, novas formas de um dizer, novas palavras que vão se somando à língua. Transformação significante que recai sobre a rejeição da não distinção da diferença de género pelo significante–em sua gramática–. Reinventa assim uma forma própria de nomear, uma metamorfose sobre a língua que parte da hipótese de que na inexistência dessa diferença o que prevalece no significante é a significação...

lacan21 22 de outubro de 2018

Sexuação e contingência

Daniela Teggi. “Sem título”. Acrílico e papel. EOL- AMP Ricardo Aveggio - NEL-Santiago-AMP   “Claro que entre os seres que são sexuados são (embora o sexo só se  inscreva pela  pela não relação) existem encontros. Há boa sorte. Existe o feliz acaso! Os “seres” falantes são felizes, felizes por natureza, é desta mesma, inclusive, tudo o que lhes resta dela.” J. Lacan A eleição desta epígrafe recolhe uma pista que me orientou ante o tema da revista e as perguntas que o tema me suscitou. A pergunta: como pensar a sexuação nas circunstâncias atuais em que os temas de gênero...

lacan21 22 de outubro de 2018

OS IDEAIS DO SEXO

Manolo Rodríguez. “Onde procurar”. Acrílico sobre tela Claudio Godoy - EOL-AMP   “Men just aren’t the same today” I hear every mothesay They just don’t appreciate that you get tired They’re so hard to satisfy you can tranquilize your mind So go running for the shelter of a mother’s little helper* M. Jagger-K. Richard A mulher é não toda porque seu gozo é dual J. Lacan Em seu escrito de 1964, Posição do inconsciente, Lacan reelaborava sua intervenção durante o colóquio de Bonneval dedicado ao inconsciente freudiano e realizava uma precisa crítica da psicologia. Desmontava, assim, a tentativa de muitos...

lacan21 22 de outubro de 2018

O que é o que é?

Rosa Basz. Série Varitas. EOL-AMP Lucíola Freitas de Macêdo - EBP- AMP   “Chamemos heterossexual por definição aquele que ama as mulheres, qualquer que seja o sexo próprio”. I. Horizonte da assertiva De início, é preciso dizer que “O aturdito”, escrito no qual encontramos a frase em epígrafe e objeto deste comentário, data de 14 de julho de 1972. Quando escreveu esta contribuição ao 50º aniversário do Hospital Henri-Rousselle, Lacan recém havia concluído as aulas do Seminário 19 ... ou pior, onde encontram-se, passo a passo,  diferentes desdobramentos concernentes às elaborações de “O aturdito”. No Seminário 19, ... ou pior,...

lacan21 22 de outubro de 2018

HISTÓRIA DO PASSE NA NEL

Marcela Pimentel, “Tudo”. Fotografia. Série BCN. Rede da EOL. María Cristina Giraldo - AE da NEL e da Escola Una - AME NEL-AMP O comunicado do Secretariado do Passe da AMP – em 27 de abril de 2016 – sobre a minha nomeação pelo Cartel do Passe da EOL como AE da Escola Una na NEL, teve o estatuto de um acontecimento imprevisto. Uma surpresa que produziu uma descontinuidade no autômaton e que em parte fez uma questão, em relação a se seguíamos nos considerando uma Escola em formação, que foi como iniciou a NEL. Embora soubéssemos o que é...

lacan21 22 de outubro de 2018

PER-VERSÕES CONTEMPORÂNEAS: BILLONS

Gaby Melluso. “Sem Título” Fotografia. Camila Candioti - EOL-AMP Na tela, a cena começa com uma pessoa deitada no chão, com os pés e mãos atados, com uma mordaça na boca; a respiração está acelerada e o olhar ansioso procurando… não se sabe o quê. Ouvem-se passos se aproximando; instantes depois se escuta uma voz: “Precisa que te castiguem, não é verdade?”…  a cena continua, sem que se veja ainda nada novo. A voz continua dizendo: “Talvez te deixe marcas”… e vê-se uma mão que apaga um cigarro aceso no peito de quem está ali embaixo. Segundos depois, para selar...

lacan21 22 de outubro de 2018

Ser sexuado no século XXI: O que há de novo?

Susana Carbone. “Ventisca”. 0.60 x 0.50. Acrílico Blanca Musachi - EBP - AMP No início do século XIX, Sigmund Freud pôs a investigação psicanalítica a serviço de uma definição ampliada da sexualidade humana, considerando a importância do gozo sexual independente da reprodução, o que é possível constatar nos estudos das perversões e da sexualidade infantil. O que há de novo, com Freud, é que na sexualidade humana não se trata de instinto, como no reino animal, mas de uma pulsão sexual. O objeto é indiferente, pois pode ser qualquer um em torno do qual a pulsão realiza o percurso para...

lacan21 22 de outubro de 2018

“...Que o real esteja ancorado”!

Marcela Pimentel. “Ponto infinito”. Fotografia. Série CLF. Rede da EOL Carmen Silvia Cervelatti – EBP - AMP Eis um apelo em relação ao real! Solto, ele acarreta estragos. No Seminário 19, Lacan fez esta afirmação relacionada às relações entre os sexos e suas diferenças.  A função Φ x é um modelo que permite fundamentar algo diferente do semblante, pois o gozo sexual não é semblante do sexual. Um discurso que não fosse semblante acabaria mal, não seria laço social. Fora do semblante estaríamos, então, num campo em que o Outro não existe, não que não possa vir a consistir de alguma...

lacan21 22 de outubro de 2018

QUATRO PONTUAÇÕES PARA UM DEBATE COM O MOVIMENTO FEMINISTA UNIVERSITÁRIO NO CHILE

Susana Carbone. “Bailarinas”. Acrílico. 0,40x0,30 José Luís Obaid Pizarro - NEL-Santiago-AMP Prelúdio A conjuntura nacional instala no seio do debate público um significante que irrompe como novidade, apesar de ter uma longa trajetória dentro dos movimentos sociais, culturais e artísticos em todo o mundo: o feminismo. Embora as manifestações feministas estejam enquadradas como um fenômeno global – o que tem sido chamado de a quarta onda feminista –, no Chile as universidades assumem a aposta com uma série de ocupações e greves em distintas e variadas faculdades, que denunciam não só o abuso de poder e tratamento discriminatório e desigual,...

lacan21 22 de outubro de 2018

LEI E HOMOSSEXUALIDADE NO CHILE

A.A. Escultura em pedra. Vigeland. Fotografia. Parque das esculturas. Noruega. Carlos Barría Román - Associado NEL-Santiago - AMP Este trabalho forma parte de um ateneu de investigação na sede NEL-Santiago, que se constituiu a propósito de nossa participação no Observatório de biopolítica, gênero e transsexualismo. Usamos o significante ateneu, posto que remete a Atena, deusa grega do saber. Minerva para os romanos. Justamente, se trata de uma época em que é preciso produzir um saber, sobretudo quando falamos de sexualidade nos tempos de pluralização dos nomes do pai. É interessante recordar, no marco de nossos observatórios, que Minerva tinha uma...

lacan21 22 de outubro de 2018

AS INFÂNCIAS TRANS E A PSICANÁLISE

Mario Martínez. “Esperando a água no planalto”. Acrílico. 1,40x1,40 - Pintor correntino. Nqn. Patricio Álvarez Bayón - EOL-AMP A psicanálise e o gênero Historicamente, a psicanálise tem apoiado e compartilhado seu caminho com o movimento LGBT e o feminismo. Freud foi o primeiro a fazer a distinção entre o sexo anatômico e o psíquico, e foi um inspirador fundamental daquilo que mais tarde seriam os estudos de gênero. O livro Sexo e gênero, de Robert Stoller, de 1968, é considerado o iniciador desses estudos. Esse autor construía sua teorização a partir das ideias de Freud. Leo Bersani, um importante autor...

lacan21 22 de outubro de 2018

IDENTIDADE E SEXUAÇÃO NA ATUALIDADE

Irene Accarini. Colagem. Série “Corpos dobráveis”. Img. C. Gardos. EOL-AMP Paula Husni – EOL-AMP   Não há gozo último que nos alivie definitivamente da angústia. Esse é o impossível com que o discurso do gozo se vê confrontado. Éric Laurent A era das águias Gérard Wajcman afirma que a hipermodernidade é a instauração de uma civilização do olhar, na qual se reúnem a sociedade da vigilância e a sociedade do espetáculo: “Entramos na era das águias. É característico das águias ter olhos maiores que o cérebro. Isso não significa que elas sejam idiotas, mas que pensam com os olhos”. Trata-se...

lacan21 22 de outubro de 2018

TEORIAS DE GÊNERO – UTOPIA DO ILIMITADO

Mónica Biaggio. Aquarela. Série Corpos. EOL-AMP Esteban Klainer –  EOL – AMP   “Em todo caso, que não há progresso. O que se ganha de um lado, se perde de outro.”. O propósito deste artigo é assinalar alguns aspectos das denominadas teorias de gênero que podem colaborar para pensar o seu debate com a psicanálise. Muitas das elaborações feitas a partir de nosso campo sobre este tema destacam fundamentalmente um ponto da controvérsia psicanálise-teorias de gênero. Essas teorias sustentam uma crítica á psicanálise por seus desdobramentos sobre as identificações sexuais como resultado da passagem pelo Édipo, mas desconhecem as elaborações...

lacan21 22 de outubro de 2018

O Acontecimento Butler: uma questão de escritura

Susana Carbone. “Emergindo”. Acrílico 0,60x0,50. Solana González Basso - (Observatório Gênero, Biopolítica e Transexualidade - EOL)   Originalmente, a pista para entender a performatividade me  proporcionou a interpretação que Jacques Derrida de “Ante a Lei” de Kafka. Judith Butler A escritura não é a impressão, apesar de todo o blábláblá sobre o famoso Wunderblock. Jacques Lacan     Há toda uma história quanto ao modo como que nós analistas abordamos o acontecimento Judith Butler. A bússola habitual foi o contraponto em torno de suas elaborações da identidade. Leio nisso o que  Ansermet 1 interpela como “o desejo do clínico e...

lacan21 22 de outubro de 2018

O trans não é um dizer

Rosa Basz. “Quadro x por Quadro 3”. Acrílico sobre tela. EOL-AMP Eliana Amor - (Observatório Gênero, Biopolítica e Transexualidade - EOL) Ao ter um corpo temos um mundo, o mundo que acompanha; ao ter um corpo estamos aqui não em outra parte. (Miller, O lugar e o laço.) Proliferação de nominações Dizer homem ou mulher não basta para nomear o real do sexo, já que se trata de semblantes. Dizer que são dois sexos e os supor a partir dos órgãos genitais produz uma confusão de que a anatomia é o destino. Nos anos 70, com as fórmulas da sexuação,...

lacan21 22 de outubro de 2018

Identidade e Interpretação das modalidades de gozo da época

G.A. “Ausência”. Fotografia. Série Vegas Mirta Zbrun - EBP-EOL-AMP   Quando eles (os meus pais) diziam o nome de um objeto e, em seguida, se moviam em sua direção, eu observava-os e compreendia que o objeto era designado pelo som que eles faziam, quando o queriam mostrar ostensivamente. A sua intenção era revelada pelos movimentos do corpo, como si estes fossem a linguagem natural de todos os povos: a expressão facial, o olhar, os movimentos das outras partes do corpo e o tom de voz, que exprime o estado de espírito ao desejar, ter, rejeitar ou evitar uma coisa qualquer....

lacan21 22 de outubro de 2018