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Entre o gozo e o desejo: A “Ventilação[1] Amorosa”

Gabriel Racki - EOL/AMP I – O analista ventila  O que é o desejo do analista senão a incitação decidida a qual o ser falante consente a ventilar o afeto parasitário e asfixiante condensado por alguns significantes de seu sintoma? A incidência sobre o afeto mortificante, até mesmo torná-lo “inofensivo”, é o modo simples em que Lacan formula a prática em “Palavras sobre a Histeria” . Sem pretender fazer da nossa clínica um procedimento científico-algoritmo que dê como resultado uma fórmula verdadeira que resolva a existência. Trata-se de um viés menos pretencioso e com corpo. Não é uma pura operação...

lacan21 30 de maio de 2021

Da solidão do Um às invenções na parceria amorosa 

Cleide Pereira Monteiro - EBP-AMP O amor será dar de presente ao outro a própria solidão? Pois é a última coisa que se pode dar de si (Clarice Lispector) Como o falasser se autoriza do feminino a partir da experiência analítica, promovendo mudança na esfera do amor e do laço com o Outro? Esta questão nos instiga a pensar sobre as transformações que o amor sofre em uma análise que chega ao seu término: do amor condicionado pelo pathos da repetição – amor atrelado ao sintoma, ao campo das identificações – ao amor com condições vinculado ao acontecimento de corpo,...

lacan21 30 de maio de 2021

O insosso no desarranjo de um amor

Andrea F. Amendola - EOL/AMP O analista parceiro Para psicanálise de orientação lacaniana, o amor pulsa no coração da experiência analítica. O analista faz uso do amor de transferência, quer dizer, com seu ato, manobra através dela a direção da cura enxertando o desejo do analista nas combustões do desejo e à pulsão ao apontar a novos arranjos com o gozo. Lacan em “A Terceira” diz que um psicanalista é responsável por um discurso que solda o analisando ao par analisando-analista.1 Aí, o analista está disponível como parceiro para o sintoma do analisando e vale-se para isso do desejo do...

lacan21 30 de maio de 2021

O negacionismo e seus campos de aglomeração

Marcelo Veras - AME da EBP/AMP O Brasil explodiu como o epicentro da ameaça mundial da Pandemia. A imagem do país do carnaval tornou-se, nos dias atuais, associada ao ritmo comandado pela pulsão de morte. O boom atual, que tornou o Brasil o país com o maior número de mortes diárias, sucedeu ao verão, um pouco como o ocorrido na Europa. Foi um verão de festas, algo como o triunfo sobre o pai severo, tal como Freud havia descrito em seu texto tardio, O humor. O que leva alguém a querer participar de uma festa com quinhentas, mil pessoas, mais...

lacan21 30 de maio de 2021

A psicanálise na instituição prisional

Viviana Berger - NEL/AMP Os analistas há muito temos assumido o compromisso ético de ir além das paredes de nossos consultórios e participar ativamente dos dispositivos comprometidos com a saúde mental em nossas cidades. Não se trata apenas de sustentar a presença do discurso do analista e suas consequências práticas na instituição, mas, numa perspectiva ainda mais ampla, consentir com o desafio a que, como tal, o analista é chamado: “Ali onde está a subjetividade da época, lá o analista deve advir” .. O desejo do analista é, portanto, convidado a se posicionar frente aos sintomas atuais, também comprometido, de...

lacan21 30 de maio de 2021

Uma invenção em PAUSA<sup>1</sup>

Dolores Amden, Fernanda Mailliat, Nicolás Mascialino* Observo que, como sempre, os casos de urgencia me ocupavam, enquanto escrevia isto. Escrevia, entretanto, na medida em que creio dever fazê-lo, para estar em dia com os casos, para fazer com eles par. Com o início da pandemia e a resolução de implementar o isolamento social preventivo obrigatório por parte das autoridades sanitárias locais, tivemos que fechar nossas portas pela primeira vez e deixar uma pausa inquietante nos tratamentos que estávamos mantendo até o momento, assim como a possibilidade de assumir novas consultas. Dentro da equipe de PAUSA não tardou fazer-se escutar a...

lacan21 30 de maio de 2021

A função da fotografia na constituição das parcerias e dos laços amorosos contemporâneos

Antonio Alberto Peixoto de Almeida* Da fotografia ao olhar  As fotografias, na atualidade, podem ser registradas em qualquer lugar. E são editadas e compartilhadas o tempo inteiro sem nenhum limite. Como isso afeta as parcerias contemporâneas e os dizeres sobre o amor? Os produtos fotográficos provém de alguém que, intencionalmente, visou o registro de algo. Lacan, quando descreve a questão do olhar, utiliza o termo “foto-grafia”. O olhar, portanto, “foto-grafa” algo, mas não necessariamente uma fotografia passa pelo olhar – veremos isso adiante. Para Barthes, esta sempre é inscrita no passado, um “isso foi”. Ele diz também que a fotografia...

lacan21 30 de maio de 2021

O Amor analítico

Ordália Junqueira - EBP/AMP ...e não se faz outra coisa em análise senão falar de amor. Miller, na lição X: Um esforço de poesia, diz não ser excessivo alegar que a psicanálise assumiu a poesia como um reencantar o mundo: “Não é o que se realiza em cada sessão de análise?”. Em cada sessão, sendo uma autobionarração, o que é vivo merece ser dito. Para o autor, quando tem lugar sob a forma de uma sessão analítica, poesia significa que “não me preocupo com a precisão; um lugar onde posso despreocupar-me do que é comum”. Na sessão de análise, podemos...

lacan21 30 de maio de 2021

Isto é amor? Seu signo em Psicanálise

Marta Goldenberg- EOL/AMP Desde que Romeu e Julieta tramaram as histórias de amor mais complexas e impossíveis com a dificuldade de encontrar os amantes em vida, o encontro transformava-se em tortuoso e suas vidas se iam nisso. Hoje a aposta se realiza por Tinder, zona-de-encontros, sozinhos e sozinhas, entre outros e a ausência do encontro físico deixou de ser um impedimento. Poderíamos localizar um movimento que iria da Idade Média, Discurso do Amo, a nossa época: Discurso Capitalista, o qual deixa de lado as coisas do amor e se caracteriza por rechaçar a castração.1 “Faz tempo que não se fala...

lacan21 30 de maio de 2021

A função do amor e a época neoliberal

Ricardo Aveggio - NEL/AMP “O que distingue o discurso do capitalismo é a Verwerfung, a rejeição para fora de todos os campos do simbólico, com as consequências que já disse. A rejeição de quê? Da castração. Toda ordem, todo discurso relacionado ao capitalismo deixa de lado, meus amigos, o que chamaremos simplesmente as coisas do amor. Vamos, hein! Não é pouca coisa.” (1) Se o discurso do capitalismo implicava deixar de lado as coisas do amor, como a evolução do capitalismo para o neoliberalismo afeta as coisas do amor? A definição do amor é caracterizada por uma função muito específica:...

lacan21 30 de maio de 2021

Calar o amor

María de los Ángeles Morana - NEL/AMP O título é uma citação tirada da primeira de duas conferências dadas por Lacan na Universidade de Saint-Louis, no dia 9 de março de 1960, em Bruxelas, publicada anos depois no suplemento belga “Quarto” e na carta mensal da E.C.F.1 A frase surge quando fala da ética da psicanálise, do que pressupõe e de suas incidências. Calar o amor para que? Nos perguntamos, lembrando, ao mesmo tempo, do poema de Rimbaud “A une raison” do qual, no Seminário XX é destacado o último versículo: “Um novo amor”2.“Ta tête se retourne, -le nouvel amour!”,...

lacan21 30 de maio de 2021

A condição de amor, onde não há relação sexual

Graciela Allende - EOL/AMP Como analistas costumamos receber em nossos consultórios homens e mulheres enredados com o amor. Nossos princípios nos dizem que no começo da psicanálise está a transferência, quer dizer o amor.1  E no final da análise também está o amor, que foi se transformando. Esta é nossa orientação, mas com o que nos encontramos em nossa clínica quando não é o novo amor o que se nos apresenta? As decepções e encontros amorosos são motivos de consulta aos analistas. A questão de como fazer na relação entre homens e mulheres nos situa de imediato nas diferenças no...

lacan21 30 de maio de 2021

O amor e a ordem de ferro

Marcela Ana Negro- EOL/AMP Introdução No seminário 21, Lacan assinala: que o Nome do Pai é a função que torna possível exercer o amor, que é mãe é quem transmite o nom-non, e ainda, que pode ocorrer dela escolher para o filho, não a ordem do Pai e sim a ordem de ferro (que rechaça amor e castração). Acrescenta, que isto caracteriza nossa época. O que ele quer dizer com não ser possível exercer o amor? Como a mãe transmite o amor ao Pai? O que a leva a escolher uma ordem ou outra? O que a clínica com crianças...

lacan21 30 de maio de 2021

Eleições sexuais e amorosas O poder da escrita

Gisèle Ringuelet - EOL/AMP Um dos temas de conversas entre os jovens, inclusive entre algumas crianças, versa sobre suas eleições de objeto e como cada um se considera homem ou mulher, mais além da biologia com a qual nasceu. Conversas impensadas cinquenta anos atrás, quando aquele que gostava de alguém do mesmo sexo era malvisto e a moral da época os segregava à categoria dos “raros”. Sem, necessariamente, chegar a considerar a homossexualidade uma patologia a ser erradicada, seja farmacológica e/ou hormonalmente, como sucedeu com o precursor da inteligência artificial Alan Turing, os anos 1970 - e também 1980 -...

lacan21 30 de maio de 2021

Para Dar o que não se tem...

Pablo Reyes* A definição do amor poderia levar-nos a extensos tratados, como o de Pierre Rousselot1. Em contraposição, Lacan preferiu um estilo aforístico para peneirar aquilo que está em jogo no amor, deixando a tarefa de decifrar os alicerces que sustentam seus enunciados. O aforismo “o amor é dar o que não se tem”2 é certamente um bom exemplo disto, as referências são poucas e refletem bem o uso de algo já sabido. Por isto, este artigo busca decifrar os alicerces desta frase em dois tempos: explicitar a origem do dom de amor e explicitar como se produz sua “oferta”...

lacan21 30 de maio de 2021

Os autistas amam? Reflexões prévias ao ENAPOL

Marlon Cortés – Associado a NEL Medellín Quando me pus a investigar o modo como os jovens autistas se articulam ao mundo das universidades, recebia de meus colegas professores uma expressão de assombro, de quase espanto, pois lhes parecia bem estranho que um autista “conseguisse” chegar a universidade. Pois sim. Não só chegam, como, alguns, se graduam com honras, não só na graduação, como no nível de doutorado. O mesmo acontece na questão do amor. Quando o digo em ambientes não psicanalíticos, as pessoas se espantam pois, lhes parece evidente, que uma pessoa com autismo fique impossibilitada de construir uma...

lacan21 30 de maio de 2021